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Quem sou eu

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Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? Eu adoro voar! Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre Clarice Lispector

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
 
Nossa dor não advém das coisas vividas,
 
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
 
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
 
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
 
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
 
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
 
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
 
gostaríamos de ter compartilhado,
 
e não compartilhamos.
 
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
 
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
 
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
 
amigo, para nadar, para namorar.
 
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
 
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
 
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
 
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
 
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
 
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
 
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
 
Por que sofremos tanto por amor?
 
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
 
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
 
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
 
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
 
verso:
 
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
 
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
 
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
 
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
 
sofrimento,perdemos também a felicidade.
 
A dor é inevitável.
 
O sofrimento é opcional...

Carlos Drumond de Andrade

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